É a prova viva de que estão a fazer um trabalho excelente, com paixão, profissionalismo e visão. Esta dinâmica merece atenção, apoio e continuidade.
No sábado, pelas 14h30, já estávamos de novo em Oliveira de Frades. Voltar a esta prova é como regressar a casa. Três edições depois, o entusiasmo não abranda, aumenta.
Voltámos a ficar no Hotel Avenida, o nosso “bike hotel” de eleição. Conforto, simpatia e tudo pensado para quem anda de bicicleta e sabe o valor de uma boa noite de descanso. Antes disso, claro, secretariado feito e reencontro com os grandes amigos da organização. Já não são só organizadores — são gente de coração cheio, com quem é sempre um gosto enorme voltar a cruzar caminhos.
O jantar foi no restaurante O Solar. Já nem vou à descoberta: vou porque sei que é bom. Sabores da região, ambiente tranquilo e aquele clima de pré-prova que só quem anda nisto entende.
Domingo chegou com muito calor. Daqueles dias em que a cabeça manda mais que as pernas. A prova correu bem, dentro do espírito certo, sem pressão de cronômetros ou classificações. Fui para mais uma experiência, pela vivência, e não para disputar tempos, porque também neste momento não estou a treinar como queria. Mas depois vi que até dava para mais. Mas foi o que precisava: estar presente, sentir o trilho e viver o momento.
A classificação tornou-se secundária diante da imprevisibilidade e camaradagem. A “verdadeira” vitória esteve ali: no esforço partilhado, nas histórias contadas, nas emoções vividas.
A partida e a chegada voltaram a acontecer no coração da vila, com vista para o Parque Urbano de Oliveira de Frades — um espaço com tudo para se afirmar como palco natural de corridas de montanha. Está ali uma zona que respira desporto, acessível, bonita, que pode muito bem ser um centro de referência.
O percurso, esse, falou por si. Trilhos limpos, zonas novas, natureza a brilhar. Uma imagem ficou: a entrada numa rua em ruínas, que antes do evento estava coberta de silvas. Agora, limpa e ciclável. Este tipo de trabalho merece destaque. Dá gosto ver quando se investe em melhorar sem estragar — recuperar em vez de simplesmente inventar.
Deixo até uma sugestão: por que não colocar algumas placas “Trilho Rota do Lafões 25” nas zonas mais emblemáticas? Seria um bom contributo para manter vivo o percurso e incentivar a sua utilização ao longo do ano.
A minha companheira de jornada, como sempre, esteve à altura: a Scott Spark RC EVO encaixa como uma luva neste tipo de prova. Técnica, leve, responsiva. Uma máquina que parece adivinhar o trilho.
A Avenida cheia de gente, famílias inteiras a acompanhar, mais de 500 participantes com sorrisos e vontade de repetir. É muito bom sentir que o BTT continua a mobilizar assim — e é ainda melhor ser recebido com tanto carinho. Muitos pais vieram ao meu encontro, agradecer, cumprimentar, pedir fotos. Momentos simples, mas que significam muito. Sinto que estamos no caminho certo. Se, de alguma forma, tenho ajudado a engrandecer este evento, é um orgulho enorme.
Mas houve um momento que me tocou particularmente. Foi a abordagem de um jovem, o Marco Silva. Simples, genuína, inesperada — e cheia de significado. Momentos assim fazem-nos perceber que, de alguma forma, estamos a fazer algo de bom. Que estamos a passar a mensagem certa. A dar o exemplo, com os pés no chão, com verdade, com esforço e com alma.
No fim, não é sobre medalhas, pódios ou títulos.
É sobre impacto.
É sobre inspirar quem vem a seguir.
A todos os envolvidos — organização, voluntários, comunidade e município — muito obrigado pela forma calorosa como me receberam, não só a mim, mas a todos os participantes. Esse espírito de hospitalidade é, sem dúvida, uma das grandes forças da Rota do Lafões.
O Município de Oliveira de Frades está de parabéns — não só pelo apoio, mas por contar com uma equipa de organização como esta, liderada pelo Sérgio, que está a fazer um trabalho absolutamente notável. Ter mais de 500 atletas a pedalar nesta região é mais do que um sucesso. É a prova viva de que estão a fazer um trabalho excelente, com paixão, profissionalismo e visão. Esta dinâmica merece atenção, apoio e continuidade.
E, claro, um agradecimento muito especial aos fotógrafos e videógrafos que nos acompanham — sempre atentos, sempre discretos, mas com a capacidade de congelar os melhores momentos. As vossas imagens falam. E ficam.
Para fechar em beleza, fui ainda agraciado com uma cesta de iguarias locais — chouriço, queijo de ovelha e um belo tinto — oferta generosa do Super Talho Vouzelense. Um gesto simples, mas cheio de significado. Obrigado pela atenção, pelo carinho e por valorizarem quem se entrega a esta experiência.
Voltarei, com certeza.
Porque há provas que são mais do que desporto. São encontros. São raízes. São vida.