O BTT tem esta capacidade curiosa de nos fazer regressar a lugares, pessoas e memórias. Às vezes passamos anos sem voltar a determinado sítio e, num instante, parece que nunca deixamos de lá estar. Foi exatamente essa a sensação ao regressar ao Raid BTT Margens do Cávado, prova organizada pelos amigos do BTT Margens do Cávado e que este ano chegou à sua 15.ª edição.
Estive presente na primeira edição, há já vários anos, e desta vez tive o privilégio de participar como convidado especial. A partida teve lugar junto ao parque da praia fluvial de Merelim, em Braga — um espaço bem escolhido, com todas as condições para receber atletas, acompanhantes e famílias. Logo ali se percebia que o ambiente ia ser descontraído, com o espírito certo: o de pedalar com gosto e boa disposição.
O percurso contou com 45 km — menos do que aquilo que costumo fazer, é verdade, mas nem por isso menos exigente. A prova arrancou num ritmo forte, daqueles que fazem pensar duas vezes se estamos a aquecer ou já a competir a sério. A primeira parte foi particularmente puxada, mas tudo fez parte da diversão.
Os trilhos estavam bem marcados, variados, com subidas desafiantes e zonas mais rolantes que permitiam recuperar. A envolvente natural ajudava a manter o foco e a motivação. Pedalar ao lado do rio Cávado, por entre zonas verdes e caminhos rurais, é um privilégio que deve ser preservado.
E é precisamente aqui que entra uma das reflexões que levo comigo: a importância de ocupamos estes espaços naturais de forma ativa e consciente. A utilização das ecovias e trilhos junto ao rio não serve apenas para lazer ou desporto. Funciona também como forma de vigilância informal — quem por ali circula consegue detetar mais facilmente focos de poluição, atentados ambientais ou situações de risco. Estar presente é, também, proteger.
Quanto à classificação… nem sei ao certo em que lugar fiquei. E sinceramente, não foi isso que me fez voltar a Merelim. Diverti-me imenso, reencontrei amigos, conheci novos companheiros de trilho e fui muito bem recebido. No fim do dia, é isso que importa.
Agradeço à organização pelo desafio e pelo trabalho de excelência que permitiu mais uma edição segura, bem estruturada e com grande sentido de comunidade. Deixo também uma palavra de reconhecimento aos fotógrafos que estiveram no terreno, atentos, discretos e sempre prontos a captar os melhores momentos. As imagens são memória viva destes dias.
Voltar às margens do Cávado foi voltar a um lugar onde o BTT é mais do que uma modalidade: é um ponto de encontro. Entre pedaladas, conversa e respeito pelo que nos rodeia, ficam memórias que merecem ser guardadas.
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